quinta-feira, 19 de julho de 2007

DF terá 40 ônibus adaptados...



DF terá 40 ônibus adaptados...

 
   A nova frota de ônibus do DF vai receber, no mês que vem, 40 veículos adaptados para deficientes físicos em cadeiras de rodas. Foi o que garantiu, ontem, o secretário de Transportes, Alberto Fraga, após reunião com representantes do Fórum Permanente de Apoio e Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência do DF (Faped).

Os ônibus foram prometidos em maio, durante audiência pública, onde foi entregue o Programa Brasília Integrada e afirmado que a nova frota de ônibus seria constituída de veículos acessíveis. "Houve atraso. Mas em agosto, quando entregarmos 80 ônibus, 40 serão adaptados com elevadores. Serão os primeiros de Brasília. O objetivo é atingir 20% de toda a frota", afirmou Fraga.

Campanha
Ontem, o fórum foi cobrar a promessa e aproveitou para anunciar a campanha "Contagem Regressiva para Quem já Esperou a Vida Toda". O coordenador-geral do fórum, Michel Platini, disse que o fórum espera que, até 21 de setembro, Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, os ônibus estejam adaptados. Do contrário, farão uma manifestação, em nome dos 300 mil deficientes que devem ser lembrados na implantação do Programa Brasília Integrada.

“Se tudo der certo, e for feita a acessibilidade, só teremos a agradecer. Se não, vamos ao Buritinga (Centro Administrativo do GDF em Taguatinga) fazer uma manifestação", avisa Michel. Pela falta de acessibilidade, muitas vezes, deficientes precisam de ajuda de outras pessoas para se locomover. Dessa forma, até o horário influencia a dificuldade dos deficientes. "É muito difícil pegar ônibus ou lotação. E se ficamos fora de casa depois das 22h, não temos como voltar", reclama a cadeirante Sheila Melo.

Demanda
Segundo Fraga, é comum que empresas de ônibus afirmem que a demanda de deficientes é pequena, por isso atrasam ou não cumprem as normas. "É claro que a demanda é pequena. Não há como o deficiente pegar ônibus. Não há o mínimo de acessibilidade", declara. A linha de ônibus adaptados pertence à Viplan, que não faz itinerário em todo o DF, o que deve prejudicar alguns deficientes. "Se as adaptações forem bem elaboradas, podemos até fazer com que esses ônibus especiais corram em outras linhas", ressalta Fraga. Ele anunciou que em dezembro de 2008, deve haver licitação exigindo acessibilidade em todos os transportes públicos.

Os cadeirantes também pediram a retirada da barra que divide a porta traseira dos ônibus para facilitar a passagem da cadeira de rodas, além de dois acentos desses veículos, que podem ser da frota antiga. E pediram também que o secretário os ajudasse a criar um grupo de estudo para entender a situação de deficientes junto ao Detran. "A burocracia para tirar carteira ou adaptar o carro ao deficiente é muito grande, e nos obriga a voltar ao órgão várias vezes. Precisamos mudar essa visão", afirma o cadeirante Aluízio Alves, integrante da Faped.

O cadeirante Luiz Maurício Alves, presidente da Associação dos Deficientes do Gama e Entorno diz que foi surpreendido pela boa notícia dos 40 ônibus que chegam em agosto. "Os ônibus são só de uma empresa. Melhora a situação, porém não resolve o nosso problema. Mas já é um pontapé inicial", afirma. O coordenador do Faped, Michel Platini, também achou a reunião positiva. "O que a gente conseguiu é fruto de nossa luta. Precisaremos de mais ônibus. Essa é a nossa perspectiva", declara.

Michel diz que a luta do Faped engloba os direitos dos cadeirantes, mas também dos cegos, surdos e pessoas com mobilidades reduzidas. "Quando conseguimos garantir um direito, temos mais chances de contemplar as necessidades de todos. Lutamos por uma cidade com desenho universal, que sirva para todos", explica.
Autor: Luiz Calcagno - Jornal de Brasilia