segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

MORADIA PARA DEFICIENTES


   
       Boa notícia para os deficientes do Distrito Federal e suas famílias. O governador José Roberto Arruda sancionou ontem projeto de lei que destina entre 5% e 10% de todos os programas habitacionais para os portadores de deficiência. No entanto, para a alegria dos presentes, Arruda se comprometeu a manter, durante sua gestão, o percentual máximo de 10% destinado a essa parcela da população. Cerca de 10 mil pessoas devem ser beneficiadas. Quase 5 mil pessoas participaram da solenidade, no estacionamento do Ginásio Serejinho, em Taguatinga.
Podem participar dos programas habitacionais todos os portadores de necessidades especiais que morem em Brasília há pelo menos cinco anos, cuja renda familiar não ultrapasse cinco salários mínimos e que não possuam ou nunca tenham tido imóveis em seu nome. Terá prioridade quem tiver o maior número de filhos e estiver há mais tempo no Distrito Federal.
A partir de 1º de março, o GDF começa a fazer o cadastramento de portadores de deficiência para a primeira área de expansão da Samambaia. Dos mil lotes que deverão ser entregues, cem serão destinados aos portadores de necessidades especiais e suas famílias. As inscrições serão feitas por ordem alfabética, na Praça do Cidadão, na 114 Sul.
O projeto tramitou em regime de urgência na Câmara Legislativa no ano passado e foi aprovado com unanimidade pelos deputados distritais. Além disso, com a aprovação do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT), aproximadamente 85 áreas de interesse social deverão ser criadas, com estimativa de cem mil novas residências. Com isso, os cerca de 10 mil deficientes cadastrados no Movimento Habitacional e Cidadania das Pessoas com Deficiência (MOHCIPED) deverão ser beneficiados.
Sem politicagem
De acordo com Arruda, um edital público será divulgado convocando as pessoas para se cadastrarem. Ao discursar, ele lembrou as críticas feitas ao governo e garantiu que não haverá "politicagem" e nem apadrinhados políticos se dando bem no programa. "Serão escolhidos os que tiverem mais pontos."
Emocionado, o distrital Benício Tavares (PMDB), articulador do projeto na Câmara, lembrou as dificuldades que os deficientes enfrentam no seu dia a dia, como o preconceito e a dificuldade de se locomover: "Com o programa, o Governo do Distrito Federal dá uma condição boa, além de significar um avanço para o Brasil inteiro."
A sanção da proposta, avalia o diretor da MOHCIPED, Sirley Campos, "compensa as dificuldades vividas no Brasil". A opinião foi endossada pelo presidente da Associação dos Deficientes do Gama, Luiz Maurício Alves dos Santos. Para ele, os critérios estabelecidos são muito bons. "É uma conquista imensa e temos que agarrar essa lei com unhas e dentes." As associações de deficientes, assinalou Luiz, estarão de olho no cumprimento do percentual de 10% prometido por Arruda.
Para a dona de casa Ana Lúcia Francisca Santana, 43 anos, moradora do Recanto das Emas, a sanção do projeto é motivo de esperança. Dos seus três filhos, dois têm deficiências. "Estou pensando que vai dar certo, pois vivo apenas com os R$ 415 que recebo de aponsentadoria da minha filha."
O cadeirante José Antônio da Silva, 48 anos, também aprovou o programa do governo. Há 36 anos, ele mora na Rodoviária do Plano Piloto, por não ter residência. Lá, disse, recebe ajuda das pessoas para sobreviver.

Por sua vez, a dona de casa Teresinha Gomes Ferreira, 43 anos, moradora do P Norte, lembra a discriminação e a dificuldade em tudo o que envolve o universo das pessoas especiais. Ela tem um filho de 12 anos que é cadeirante e vê o futuro com mais otimismo após a sanção da nova lei. "As coisas são sempre difíceis, mas agora começam a melhorar", disse Terezinha, ao comentar o programa.