segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Agentes afastados por deficiência se unem para voltar às corporações


Tribuna do Brasil - Grande Brasília

Unidade (s) responsável (eis): DIP

Militares reformados querem voltar a ativa
Autor: Gisele Diniz


Agentes afastados por deficiência se unem para voltar às corporações

Bombeiros e policiais militares reformados do Distrito Federal formaram uma comissão a fim de lutar pelo direito de voltar a trabalhar. O grupo, composto por dez pessoas, foi eleito pelos próprios agentes afastados. O objetivo principal é alterar o regimento interno dos órgão de segurança pública da capital federal que, de acordo com os militares, ainda exclui os deficientes. A ação é coordenada pelo Fórum de Apoio e Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência do DF e Entorno (Faped). Dados da Diretoria de Pensionistas e Inativos da PMDF mostram que cerca de 600 policiais estão parados no DF. A maior parte deles foi afastada por ter sofrido algum tipo de acidente de trabalho. Segundo o coordenador da Faped, Michel Platili, a comissão foi criada para lembrar a sociedade que essas pessoas ainda tem muito o que oferecer. "O agente compromete sua saúde por causa do trabalho e depois o Estado o nega", reclamou. Luiz Maurício Alves. De acordo com dados da Diretoria de Pensionistas e Inativos, existem cerca de 600 pessoas nesta situação no DF. "Eu não pedi para me tornar cadeirante". A idéia da Faped é integrar esses militares aos serviços administrativos das corporações. Hoje essas funções são desempenhadas por agentes aptos ao trabalho nas ruas. O argumento da comissão é de que além de dar uma nova oportunidade aos afastados, o governo ainda economizaria no efetivo de PMs. A justificativa dada pela PM é de que a readaptação mudaria a função deles. Segundo o vice coordenador do Fórum, Luiz Maurício Alves, cerca de 27% do efetivos da Polícia Militar está emprestado a esse tipo de serviço burocrático. "Toda empresa contrata pessoas deficientes. A PM não pode ser diferente", afirmou.  O objetivo da comissão tem um exemplo a seguir. Em 2001, a PM da Bahia mudou o seu regimento interno em prol dos deficientes. Luiz Maurício contou que, recentemente, um cadeirante com 32 anos de serviço foi promovido a Major. "Ele entrou como aspirante", disse. Segundo o vice-coordenador, isso não é possível aqui no DF. Alves explicou que se o policial quiser continuar no quadro de funcionários, ele não pode subir de patente. "Conheço pessoas que são soldados há sete anos", declarou.

Auxilio Invalidez

A Faped agora tem mais um motivo para lutar. De acordo com o vice-coordenador, há alguns meses a PM contou o auxilio invalidez dos agentes reformados, no valor de R$ 400. Segundo ele, para receber o benefício, o militar precisa ser acompanhado diariamente por um enfermeiro. "Nós temos um gasto de quase R$ 1mil por mês, com remédios, consultas e manutenção dos equipamentos de apoio", explicou. Para o coordenador do projeto, além de perder financeiramente, eles perdem também a auto-estima.

Lição de vida

Após servir a comunidade do Gama por 14 anos, Luiz Maurício Alves, foi atropelado e perdeu os movimentos das pernas. Afastado da PM há, aproximadamente, 10 anos, hoje o ex-agente se dedica a ajudar outras pessoas. Além do cargo de vice-coordenador da Faped, Alves preside a Associação dos Deficientes do Gama e faz parte da coordenação do Conselho do Direito do Deficiente do Distrito Federal. Luiz Mauricio conta que, depois do acidente, perdeu não só os benefícios da PM, como ainda luta para receber a indenização. "Sou o símbolo da injustiça", comentou.