segunda-feira, 28 de maio de 2012

É preciso corrigir Brasília

     Projeta paras ser a capital do país e dar qualidade de vida a seus moradores, a cidade peca quando se fala em acessibilidade e infraestrutura para os mais necessitados.
    Acessibilidade quer dizer que algo dá acesso ás pessoas,e permite que elas sejam capazes de frequentar livremente todo o âmbito da cidade. O conceito, na pauta de Brasília desde a década de 80, visa melhorar o direito ir e vir de todos os deficientes.Ainda inacessível, a cidade conta hoje com projetos para implantar a ideia em todas as obras, locais públicos e principais ruas do Distrito Federal.
    Criada para incentivar a acessibilidade, a Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) se encontra parada neste momento. Michel Oliveira, chefe de núcleo de mobilidade de Secretaria de Estado de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal (SEDHAB) e arquiteto, confirma o fato, mas diz que existem projetos para a área e que essa é uma responsabilidade de todos. “Antes, a CPA tinha caráter de discussão, palestras. Hoje temos nossa equipe reduzida, mas estamos com muito trabalho. Porém, a CPA ainda não deslanchou”.
     O tema tem, aos poucos, tornado-se palco das principais políticas públicas do governo. Dentre elas, Michel cita obras em andamento no Hospital de Base, uma reforma na rodoviária de Brasília, em que os pisos terão orientações táteis, mapas universais, a acessibilidade em todo Eixo Monumental, com criação nas travessias, na Esplanada dos Ministérios. “Por enquanto, estamos aguardando uma portaria que será elaborada para reiniciarmos os trabalhos.
   Quanto ao futuro, ele espera que a equipe da CPA seja instituída e anuncia propostas do governo para todos os hospitais regionais e os colégios, além de um desenho universal nas ruas, que atenda a maior gama possível de variedade antropométrica. “Acessibilidade é responsabilidade de todo mundo. A administração quando fizer uma calçada, uma obra, tem que pensar assim, respirar acessibilidade.”
     Dentro desse programa de acessibilidade, Michel diz que os setores centrais da cidade, (como Setor  Hoteleiro Norte e Sul, passando pelo Conjunto Nacional e Conic ), receberão um quadrilátero do pedestre, serão vias com desenho universal e um conceito de rua completa. “Esperamos em julho deste ano concluir o projeto para tirá-lo do papel. Precisamos de agilidade e estamos trabalhando em conjunto com outros órgãos”.
    Pelo Censo 2000 (IBGE),existem no Brasil 24,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que equivale a 14,5% da população. Desse total, 48% apresenta deficiência visual, 23% deficiência motora, 16% deficiência auditiva, 9% deficiência mental e 4% deficiência física. Da sua população local, a região do DF tem 13,44% de pessoas com deficiência. Espera-se que todos os setores da sociedade estejam preparados para atender as pessoas com deficiência.

Todas as obras acessíveis
   Em 1998, Luis Mauricio foi vítima de um acidente de trânsito e ficou em uma cadeira de rodas.Hoje, é assessor na Casa Civil e é responsável pelo Plano Distrital das pessoas com deficiência no DF. O projeto deve sair até meados de agosto e reunirá todo o atendimento feito pelas secretarias e outros órgãos do governo. “Será um plano nacional para as pessoas com deficiência, com previsão de R$ 7 bilhões e mais de 32 ações dentro dos quatros eixos da saúde, educação, acessibilidade e assistência”, revela. Ele explica que o DF deve se tomar modelo para os demais estados do país, a partir dessas ações efetivas como a reforma de toda frota do transporte público, que será adaptada até 2014.
   Márcia Muniz, da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), conta que o órgão instituiu o projeto Ações Fiscais para Acessibilidade, que estabelece procedimentos para cumprimento efetivo da legislação em vigor, em diversas etapas, a serem implementadas gradativamente, com destaque para acessibilidade  nas edificações, vistoria nas obras do governo do DF, acessibilidade em passeios circundantes a edificações privadas, “Avanços significativos já foram alcançados, mas ainda falta um longo caminho. Todas as obras novas do governo passam pelo crivo da comissão e são obrigatórias as adaptações”, diz.Além disso, ela conta que as obras a serem executadas para a Copa, inclusive o estádio, estão com previsão de acessibilidade universal. “Cabe aos órgãos executores a obrigação de fazer com que todas as obras sejam acessíveis. A Agência de Fiscalização acompanhará a execução dessas obras” , afirma.